quinta-feira, 3 de março de 2016

This is your cosmic wake up call - Evangelion, Flex Mentallo e o marco zero evolutivo: parte 02

Ok, crianças. Retomando então: na parte 01, mostramos o cenário que deu origem aos malditos fanboys esperneantes norte-americanos (mano, sério, eu odeio eles) e aos menos odiosos mas mais alienados ainda otakus. Nesse contexto, é hora de dissecarmos como "Neon genesis evangelion" e "Flex Mentallo" criticam esse problema e quais soluções apresentam pra tal.



Primeiro, pra não haver dúvida, comecemos com nossos dois principais protagonistas. Shinji Ikari e Wally Sage. Ambos são jovens (o oriental tem 14 anos, o ocidental deve estar na casa dos 20 e tantos anos), homens e profundamente alienados, incapazes de tirarem satisfação na vida que tem. Ambos enfrentaram contextos de pré-apocalipse (Shinji....bom, caralho, porque o mundo está realmente acabando. Já no caso de Wally, o problema vinha do medo imaterial mas quase palpável do oblívio nuclear que todo mundo que cresceu na década de 80 experimentou, decorrência do final da guerra fria. Já adulto, esse medo foi substituído por puro vazio existencial). Ambos tem uma relação complicada com os pais (Gendo afasta o filho sempre que pode. Em Flex Mentallo a coisa é mais sutil, mas pelo menos duas vezes Wally vai citar certa tensão presente na casa dos Sage, quando criança). 

Ambos tem um histórico de relações difíceis com o sexo oposto. Shinji é complicadíssimo, variando do complexo de édipo, com Misato e, de certa forma, Rei, até a passividade e super-dependência com a Asuka, resultando naquela cena do.....como eu chamo aquilo..... "abuso"? ..... da menina em coma no hospital no começo de "The end of evangelion". Já Wally...bom, cito aqui palavras da namorada do garoto da ed. 02: . 




Mais uma vez, não há a pró-atividade de ir enfrentar o mal, seja ele qual for, por parte dos dois jovens. Eles são profundamente hesitantes do seu papel como protagonistas, sempre precisando do apoio de terceiros pra fazer qualquer coisa (no caso do Shinji, ele só pilota o eva por medo de ser abandonado por sua recém-adquirida família. No de Wally, temos sempre a figura do ouvinte, do outro lado do telefone, pra servir de norte pra ele - pelo menos até determinado ponto da história).

Shinji: I am valueless. I have nothing to be proud of. 
Shinji: Piloting Eva lets me be myself. 
Shinji: Before piloting Eva, I had nothing. The fact that I pilot Eva lets me stay here.



Encurtando: eles são legítimos representantes do publico alvo das duas industrias nas quais ambas as obras se inserem.
E do que ambos tem tanto medo?
Em uma palavra, e já indo pro tema principal de ambas as séries: evolução. Mudanças. Eva e Flex Mentallo falam ambas do mesmo tema: evolução, em macro e micro escala, como espécie e como indivíduos. E consciencial, no caso do publico leitor.
mas vamos por partes.

Como eu já disse, tanto Eva quanto Flex Mentallo são obras que visam, por meio da desconstrução, analisar, metalinguisticamente, o que tem de bom e de ruim na industria de que fazem parte. Pra isso, Anno e Morrison pegam uma lupa e vão alternando o foco, visando mirar tanto no individuo e no seu papel dentro desse sistema de coisas conhecido como cultura pop, como também no sistema em grande escala, como um todo. Grant Morrison faz isso, pra fins organizacionais, separando cada era dos quadrinhos e focando nas características delas (respectivamente, era de ouro, prata, era das trevas e a atual, que ele chama de renascença) e, mais uma vez, tudo que funciona e que não funciona nelas. 

Pra facilitar a organização de idéias desse post, vou usar essas 4 eras também pra focar no estudo sobre Eva, porque, vejam que curioso, apesar de, pelo menos não que eu saiba, haver uma divisão parecida dentro do mercado de mangás, a série de Anno, em seus 26 eps., - e um filme pra cinema encerrando a história - também pode ser dividida, dando uma forçada aqui e ali, dentro destes quatro momentos, como demonstro a seguir. Dessa forma, nossa observação sobre ambas as séries podem ocorrer de forma mais ou menos paralela. Com um salto de tempo aqui e ali, mas até aí nenhuma das duas séries é muito linear, então, nada mais justo.




#1 - A ERA DE OURO: "Signs and wonders"....

O marco zero de uma das 03 maiores instituições culturais norte-americanas, junto com o jazz e a torta de maçã: os quadrinhos de super heróis. Exatamente pelo caráter trágico destes tempos, com os personagens surgindo como uma espécie de resposta coletiva, de necessidade social de uma sociedade que, há menos de uma década havia testemunhado o crack da bolsa, os super heróis, na figura dos dois primeiros do gênero, o Superman (de 38) e o Batman (39), tinham um caráter mais simples. Não tão leve quanto viriam ter na década de 50 e 60, mas mais bruto. Quando, recentemente, o próprio Morrison reinventou o Superman como uma espécie de "Bruce Springsteen super humano", ele estava, na verdade, retomando elementos clássicos da versão original do personagem. Não haviam grandes conflitos aqui: o personagem surgia, enfrentava o vilão e voltava pra sua identidade secreta. É interessante notar o cuidado que Morrison e Quitely tiveram no desenvolvimento da mini-série, com o primeiro e o ultimo quadro de cada edição, mais ou menos ao estilo de Watchmen. O primeiro quadro e a primeira pagina de cada uma das 4 edições surge, as vezes com apenas uma frase ou mesmo uma unica palavra, como um manifesto: tudo que você precisa saber sobre aquela era está ali contida. E tudo que você precisa saber sobre os elementos mais básicos da edição (E por consequência, da era histórica) seguinte vão estar, da mesma forma, na ultima pagina e, mais concentradas, no ultimo painel. A primeira edição abre com uma figura caricata segurando uma bomba ao melhor estilo acme. A primeira palavra de toda a série é a onomatopeia escrita na própria bomba: BOOM



e dessa bomba caricata, surge o universo. Qual deles? O de Flex, o herói da história dentro da história? O do Wally, que por sua vez é o nosso, que vai ser afetado pelo desenrolar da odisséia do herói dos músculos do mistério? Não sabemos, ainda. Mas como eu disse, tudo que precisamos saber do "vilão" está aí: capa disfarçando o rosto, suas intensões sinistras declaradas no ato de jogar a bomba.... mas, como é uma história de camadas, vemos algo parecido com um universo surgindo dali. Então, o vilão da história é....Deus? calma, crianças, a gente chega lá...
Quando Flex surge na história pela primeira vez é num painel de pagina inteira, glorioso, com um sorriso capaz de inspirar nações. O texto narrando seus pensamentos na pagina seguinte resumem de forma simples tudo que precisamos saber sobre ele.





Um típico herói clássico, de bom coração a ponto de, em sua hora de folga, ir pra um aeroporto pra ver as pessoas em seu melhor (lembram do monólogo de Hugh Grant no começo de "Simplesmente amor", sobre como as pessoas num aeroporto sempre parecem felizes por irem ao encontro ou voltarem ao encontro de seus entes queridos? algo nesse nível). Flex é um conceito antes de ser um personagem: uma figura que reúne bondade, gentileza e ar paternal.
Algumas páginas adiante, descobrimos que todo o universo de Flex é fruto de uma hq criada pelo segundo protagonista da história, Wally Sage: 





Do outro lado do espelho, em Evangelion, aparentemente não temos uma declaração de intenções tão clara assim no primeiro episódio. Todo com ritmo quebrado e saltos de tempo (inclusive no momento de clímax do história), ele APARENTEMENTE começa já com um tom dark, afinal, vemos Rei machucada, toda ferida, além dos primeiros conflitos entre Shinji e Gendo. 
Mas, em retrospecto, se olharmos pra essa primeira fase, ainda que ela conte com momentos introspectivos como nos episódios "telefone que nunca toca", "teto não familiar" e a "síndrome do ouriço", podemos observar certos elementos clássicos dos animes do gênero: 





1 - Os primeiros anjos enfrentados ou tem forma semi-humanoide ou lembram kaijus e bestas do gênero, ao contrario dos anjos que surgirão a partir da metade da série, que vão desde micróbios e vírus de computadores até criaturas que só podem ser descritas como abstrações sencientes.
2- Mesmo com todos os conflitos, há um elemento de família sendo estabelecido aqui. Shinji surge solitário (literalmente, inclusive, já que sua primeira aparição na série é ele chegando no Japão, em meio a uma cidade deserta), mas vai ganhando amigos conforme os episódios avançam. Os desafios enfrentados vão fortalecendo os laços entre eles. Rei cria simpatia por Shinji depois deste se ferir tentando salva-la 





e Asuka vai se soltando junto a Shinji depois do episódio em que ambos precisam coordenar seus movimentos para derrotarem dois anjos que só podem ser mortos se atingidos no mesmo ponto, ao mesmo tempo.  




Essa "família postiça" é o que os japoneses chamam de "nakama", um conceito que pode ser traduzido como "laços de amizade mais fortes que os laços de sangue". Colocado em perspectiva, com certeza esses primeiros episódios. Tem um caráter mais leve, sem grandes focos na psique dos personagens, exceto uma sugestão aqui e outra ali de que as coisas não iam tão bem.

Da mesma forma, vejam o quadrinho a seguir:



Pois é.... algo também está fora da ordem aqui. Os ataques do "The Fact", como o tenente Harry (que está para Flex tal qual o comissário Gordon para o Batman) aponta, parecem querer demonstrar a fragilidade das instituições atacadas, bancos, igrejas e demais prédios públicos. A sociedade ocidental é toda baseada em elementos conceituais que aceitamos, coletivamente e que só se sustentam por causa desse acordo implícito que fazemos. Despidas de suas características sacras, esses prédios não se diferenciam em nada de qualquer outro amontoado de tijolos e cimento, e é isso que o Fact parece querer apontar.
Vemos, também que Flex pode estar sendo levemente vítima da própria nostalgia. 



E já disse aqui que não tenho nenhum carinho pelo conceito porque ele geralmente gira em torno de memórias de uma tal época melhor que nem era tão melhor assim, e é disso que se trata aqui. 



"Não era uma bomba, mas uma chave, pra mais estranha de todas as portas"

Outro conceito aqui que vai, sim, vazar também pra Evangelion, é o da palavras cruzadas. Investigando os ataques, Flex chega a um colégio abandonado onde o faxineiro se declara o homem mais poderoso que já existiu, ao receber uma pagina de jornal com palavras cruzadas nela. Ao entregar o presente, o mendigo que lhe deu a pagina lhe disse pra repetir em voz alta a ultima palavra que ele escrevesse ali e que ela lhe entregaria o segredo do universo e acesso a poderes inimagináveis.


os mais espertinhos aqui já tão chutando a palavra, certo? mas se segurem que a coisa não é tao simples assim..... O tom aqui é o mesmo que permeia Eva num primeiro momento: mesmo nos bons momentos, temos constantes lembretes de que o universo caminha em direção ao abismo e que tudo nos separando do oblívio é....... bom, como alguém pergunta nesta edição, who´s gonna save us?




quem mais, responde Flex?




Ao final da edição, Flex quase consegue capturar o The Fact, mas ele desaparece. O personagem termina com uma pista de sua próxima localização e a certeza de que portas estão se abrindo. Quais e o que tem nelas, vamos descobrir a seguir...



Paralelo a isso vemos a história de Wally. Como já disse, começamos a história com Wally procurando seu telefone, saído direto de uma revista em quadrinhos, e ligando pra um CVV ou serviço parecido de auxilio a suicidas. O que ele procura, no entanto, não são conselhos ou incentivo pra se manter vivo. Ele JÁ deu inicio ao seu processo de suicídio, se entupindo de lsd, álcool e o que podem (e isso é importantíssimo pra historia) ser pílulas de Paracetamol. O que ele quer é apenas ter alguém com quem falar sobre os bons tempos e a melhor memória que ele tem deles: sua coleção de quadrinhos.





É válido lembrar também que aparecem aqui dois elementos que também são importantes e que vão ser retomados a seguir: os animais. No caso, por enquanto, o gato de Wally,  Tibbert. 




Gatos sempre tiveram esse papel, nesse tipo de história, de ressaltar a solidão de algumas pessoas. Em Eva, por exemplo, sempre mencionam o gatinho doente da Dra. Ritsuko. 

Ritsuko: Commander Ikari, My cat died, which my grandmom had been taking care of. I hadn't been taking care of it for long. Suddenly now that I cannot see it again.

Isso sem falar do PenPen, o pinguim da Misato.
E não é a toa, como veremos a seguir.




#2 - A ERA DE PRATA: identidades fluídas



Quem é você?

O monólogo acima já entrega, mas deixo aqui mais duas pistas sobre qual o tema dessa edição:








Identidade. Na era de prata, os escritores vão utilizar a ciência como aliada e inimiga, ao mesmo tempo, dos heróis. É a era do Atomic Horror no cinema, de Godzilla, da mulher de 15 metros de altura, das aranhas e formigas e demais insetos gigantes. Prometheus pós-moderno. Cérebros que se recusam a morrer. Twilight Zone. Os filhos do átomo. Jeckyll e Hyde recriados para as massas na forma de um gigante verde de quase três metros de altura. Uma época em que o Superman podia ser um super macaco, um super humano com uma cabeça gigante, uma super zebra ou uma super mulher. 



Fluidez de identidade, fluidez de gênero, fluidez de percepção de quem eu sou e até onde minha identidade depende só de mim, da percepção de terceiros ou mesmo de noções estanques pré-estabelecidas socialmente. É como no monologo acima, como se os artistas dessa época profetizassem o que estava por vir, o conjunto de mudanças que viriam com a década de 60, mudanças sociais, politicas e culturais (retomo esse ponto lá embaixo)




SHINJI A (OFF):“Who's there?”
SHINJI B (OFF):“Shinji Ikari.”
SHINJI A (OFF):“That's me.”
SHINJI B (OFF):“I am you. People have another self within themselves. The self is always composed of two people.”
SHINJI A (OFF):“Two people?”
SHINJI B (OFF):“The self which is actually seen, and the self observing that. There are many entities called Shinji Ikari. The other Shinji Ikari that exists in your mind. The Shinji Ikari in Misato Katsuragi's mind, the Shinji in Asuka Sohryu, the Shinji in Rei Ayanami, and the Shinji in Gendo Ikari. All are different Shinji Ikaris, but each of them is a true Shinji Ikari. You are afraid of those Shinji Ikaris in other people's minds.” SHINJI A (OFF):“I'm afraid of other people hating me.”
SHINJI B (OFF):“You're afraid of being hurt.”
SHINJI A (OFF):“Who is at fault?” SHINJI B (OFF):“Father is the one who is at fault.”
SHINJI B (OFF):“The father who deserted me.”
Shinji-2: If I believe in those words I can keep on living.
Shinji-3: Are you going to continue to deceive yourself?
Shinji-2: Everybody does it! That’s how everyone survives.
Shinji-3: Believe that you’re fine with the way things are, or you won’t be able to keep on living?
Shinji-2: There’s too much hardship in this world for me to keep on living.
Shinji-3: For example, the fact you can’t swim?
Shinji-2: Humans aren’t made to float!
Shinji-3: This is self-deception.
Shinji-2: I don’t care what you call it!
Shinji-3: You’ve shut your eyes and turned a deaf ear to the things you don’t like…. See? You’re running away again. There’s no way you can live by linking just the enjoyable moments like a rosary….
Shinji-2: I’ve found something I enjoy! Finding something you enjoy and doing nothing but that… What’s wrong with that?!



REI AYANAMI

Mountains. Heavy are the mountains. But that changes with the passage of time. Sky. Blue sky. What your eyes can't see. What your eyes can see. The sun. One, only one. Water. It is agreeable. Commander Ikari. Flowers. So many the same. So many without purpose. Sky. Sky of red. Red the color, the color I hate. Liquid flows, it drips, ripples, and pours. Blood, scent of blood, woman who does not bleed. From the red soil the humans come. Humans made by man and woman. City, a human creation. Eva, a human creation as well. What are humans? Are they creations of God? Humans, that which is created by humans. This is that which is mine. My life, my heart. I am a vessel for my thoughts. The entry plug, the throne of the soul. Who is this? This is me. Who am I? What am I? What am I? What am I? I am I. This object that is, is myself, that which forms is me. This is the self that can be seen, and yet this is not like that which is myself. A strange feeling. My body feels as if it is melting. I can no longer see myself. My form, my shape fades from view. Awareness dawns of someone who is not me. Who is here? There? Beyond me, here? Shinji? This person I know, Major Katsuragi. Dr. Akagi. People, my classmates. The pilot of Unit Two. Commander Ikari? Who are you? Who are you? Who are you?

Who are you?



Apesar de vários personagens (incluindo alguns anjos) questionarem suas identidades no decorrer de Evangelion, nenhum vai experimentar isso de forma mais direta que Rei Ayanami. A era da fluidez em Evangelion vai começar exatamente no episódio desse monólogo acima, o de nº 14, "Weaving a story", onde a série dá a sua guinada visando se tornar um monstro completamente distinto do que era, até então. Esse momento de transição segue até o episódio 17, e a partir daí.....bom, falamos adiante. Nos concentremos no episódio 18, "Splitting the beast": depois de receber um elogio pelo desempenho na simulação, Shinji comete uma burrada ao enfrentar um anjo e acaba absorvido por este até o estado de quase não-existência (sim, tipo o gato de Schrodinger). Nesse estado de quase consciência pura, Shinji vai ser confrontado nas suas convicções mais básicas a respeito de quem é e porque faz o que faz. 

Pulando pra HQ escrita por Grant Morrison, Wally continua morrendo enquanto fala ao telefone com seu samaritano desconhecido. Aqui ele vai descrever uma memória confusa em que ele se lembra de um grupo de crianças e alguém guiando-o pela mão. 




A principio ele se lembra das crianças defecando juntas, mas ele consegue se dar conta de que é sua percepção sombria de vida, somada a iminência da morte e as duas toneladas de drogas ingeridas, embotando tais imagens. Quando se recorda delas, novamente, agora estão todas juntas assistindo uma mini explosão nuclear. Sem saber se foi sequestrado, abusado sexualmente ou o que quer que seja, Wally tenta se lembrar do rosto do homem segurando sua mão e quando consegue um vislumbre, temos a imagem de um alienígena verde. Lembremos que desde "Os Invisiveis", Morrison tem a tendência de mostrar esses alienígenas como um simbolo para o outro, a alteridade (mais adiante, vamos descobrir em Evangelion que os anjos e os homens tem uma origem em comum, portanto, a alegoria também se aplica a série de Anno. Ao enfrentarmos os anjos, portanto, enfrentamos ao mesmo tempo o outro, o diferente, e, ironicamente, nós mesmos). 

O conflito de Shinji e o de Wally dialogam entre si de forma tão orgânica que mesmo num aspecto mais sutil de Flex Mentallo podemos achar paralelos entre ambos: na imagem acima vemos Flex enfrentando o Homem Metallium e sua coleção de pedras de diferentes cores e efeitos para Flex. A pedra violeta, mais curiosa de todas, provoca em Flex a perda total de identidade, onde ele se torna outra pessoa, inclusive com uma vida pregressa. Vejam o quadrinho a seguir. 




"A comic artist drawning my story"

A questão da fluidez identitária transcende as dimensões, vazando inclusive pra nossa: Wally Sage é Flex Mentallo, mas Wally Sage também é Grant Morrison, imagens se olhando num espelho, reflexo de um reflexo, de um reflexo. E se pensarmos que, segundo o documentário "Talking with gods", focado no escritor escocês, o visual do Flex teve como inspiração o do pai de Grant, Walter Morrison, fechamos um ciclo aqui, ainda que de formas distintas (ja que é impossível falar de ambas as histórias sem discutir a questão dos "daddy issues"). 




Por mais conflitos geracionais que existam, a relação de Grant com o seu pai é diametralmente oposta a de Shinji e Gendo e isso transparece na história. Flex, o pai, a figura paterna de liderança e que, em tese deve guiar a Wally na época de trevas, é o extremo oposto do distante e frio Gendo, fonte da maioria dos problemas de afeição e confiança que o piloto do Eva unidade 01 manifesta no decorrer da série. A coisa mais perto de uma figura paterna positiva pra Shinji é Kaji, mas mesmo isso vai ser afetado pela "maldição dos Evas"

Vale menção também a cena do drogado no banheiro publico. 




"Cosmically Aware". 

Aparentemente todo mundo tem uma forma de fuga da realidade e de alienação, seja ela a cultura pop, as drogas ou mesmo a morte. E não, não me escapou o fato de que, numa edição sobre fluidez identitária, um dos personagens mais marcantes é uma mulher transgênero que fica tocada pela gentileza do nosso protagonista super heróico. Também não posso esquecer de comentar que, retomando o tema dos animais de estimação, essa é a edição em que Peter, o peixinho de estimação de Wally, é citado pela primeira vez. 




Guardem essa informação pq esse peixe e seu aquário vão ser mega importantes nas edições futuras da trama.

Dois outros elementos importantíssimos aqui também: já havia ocorrido na ed. 01 mas deixei pra mencionar agora, como, em momentos distintos, Wally e Flex se encontraram. 




A fronteira entre ficção e realidade começa a ficar mais.......fluída? Assim como o espaço-tempo. Esse é um elemento que vai aparecer bastante também em Eva. Na passagem acima, do Shinji preso dentro do anjo, ele ouve a voz do anjo, Leliel, como se fosse a sua própria. Rei também vai ser confrontada com versões alternativas de si mesma. Diante do apocalipse, todas as fronteiras começam a desabar, mesmo aquelas que separam a pluralidade que somos todos nós. 




O segundo elemento a ser apontado: a Lua. Como simbologia ela vai ter uma importância crucial pra trama, mas falemos dela quando a hora chegar. 

Ah sim, um ultimo detalhe: o episodio acima citado, o do Shinji e do anjo Leliel,  se chama, em inglês, "The Sickness unto death". Em português, "O desespero humano". Esse titulo é uma citação direta ao livro de mesmo nome de Kierkegaard. Resumindo de forma grosseira, o livro trata da morte mental. A morte física não é algo a ser temido. A mental sim. E essa morte atende pelo nome de desespero que, segundo o autor, nada mais é do que a incapacidade de viver da forma mais plena possível  De forma ainda mais resumida (e aqui cito Wikipedia e alguns textos que li), o livro afirma que a fonte desse desespero é nossa tentativa de atender as expectativas de terceiros. Procurar respostas filosóficas e existenciais em outras pessoas (ou no caso de Shinji, satisfação), segundo o autor, é um erro. Cada um de nós bota a cabeça no travesseiro a noite e tem que conviver com o peso das decisões tomadas e, portanto, nós mesmos deveríamos ser capazes de definirmos nossas próprias convicções pessoais.
Shinji, na sua busca por aprovação e Wally, tentando viver sob os paradigmas de terceiros, só vão encontrar sofrimento e desespero ao final do processo.




e sob esse signo sombrio, vamos para a terceira e penúltima edição, focada na era das trevas.




#3 - A ERA DAS TREVAS: Highway to hell

A hora mais escura de nossos heróis. Toda essa terceira edição e praticamente TUDO em Evangelion, a partir do 18º episódio,  até o final da série (incluindo o filme pra cinema), vai narrar o momento em que toda e qualquer beleza na missão dos nossos protagonistas, como heróis, é posta abaixo. Nos comics, é a era da desconstrução, cujos marcos iniciais serão, principalmente "O Cavaleiro das Trevas" de Frank Miller e "Watchmen", de Alan Moore. É a era em que todo sense of wonder vai ser minado nos quadrinhos e todo herói passa por seu inferno pessoal. É a era do grim n´gritty, dos anti-heróis. Todo herói tem uma história sombria, retcons são feitos para mostrar que o que deveria ser colorido e divertido é na verdade triste e sinistro. Falando sobre a invasão inglesa (quando Marvel e DC foram, nos anos 80, atrás dos nomes emergentes da industria de quadrinhos britânica e os levaram pros EUA pra cuidar de seus principais títulos), Warren Ellis, em seu essencial "Planetary", criou um personagem que é, ao mesmo tempo, referência e crítica aos efeitos dessa época: 



"Eu nao precisava de uma personalidade duvidosa, de um colapso nervoso, da mudança em minha orientação sexual, da minha vida inteira ser uma mentira. Se vc não me queria, era só ter me ignorado e pronto."

Que fique registrado: essa "modernização" dos personagens em si não é ruim. O problema é que todo um grupo de novos roteiristas e desenhistas tentaram levar esse nova interpretação dos mitos super heróicos, realizada com diferentes níveis de sucesso nos anos 80, pra todos, e isso é quase literal, TODOS os títulos de super heróis dos anos seguintes. Aparentemente, um número imenso de roteiristas americanos estavam tentando criar o novo "Watchmen". Em gibis mensais voltados pro público adolescente. Isso só vai mudar lá pelo final dos anos 90/começo dos 2000 e mais recentemente (e salvo exceções, aqui e ali), com iniciativas como a "All new, all different Marvel" e o "Dc You". (e, divagando um pouco, curiosamente, quando penso nessa "nova era do pop" dos quadrinhos superheróicos, eu penso em 2 títulos com roteiros do próprio Morrison. A sua Liga da Justiça com desenhos de Howard Porter e a sua passagem pelo título dos X-Men, fase que o reuniu com o desenhista de Flex Mentallo, Frank Quitely. Pegando pela memória, elencaria a fase dos Vingadores pela dupla Busiek e Perez e a do Homem Aranha com Straczynski e Romita Jr. como outros "marco zero" desse new pop).
Voltando pra era das trevas: Todo o encanto da era de prata é desconstruído e revisto. 
Ao invés de enfrentarem gorilas samurais ninjas falantes alienígenas extra dimensionais, os heróis se divorciam, matam, morrem, são estuprados, cometem suicídio e tem histórias, teoricamente, pés no chão (lamento pela vida do tipo de autor que acha que vida adulta = violência sem sentido, desespero sem fim e morte)


Se a edição anterior girava em torno da noção de identidade, essa gira em torno do conceito de desespero ou, em outras palavras, MEDO
Todos os personagens aqui tem medo. Claro, você pode dizer, todo mundo tem medo de algo, mas lembremos mais uma vez que heróis geralmente são figuras famosas por superarem seus medos. Aqui no entanto, na era da desconstrução, heróis não superam seus medos, eles tombam, paralisados e não levantam mais. Pensem, já que citei ambas, no clima de medo que permeia "The dark knight returns" e "Watchmen". A sensação constante de que os protagonistas apenas estão enfrentando ondas, tentando para-las com as mãos, mas cientes da própria impotência. Diabos, o  Dr. Manhattan falando dele próprio como "uma marionete como todas as outras, diferente apenas por poder ver as próprias cordas". 
Da mesma forma, nesse momento, todos, protagonistas e coadjuvantes estão paralisados pelo medo.

Em Eva

Shinji teme ser abandonado.
Asuka sofre de thanatofobia
Rei teme a perda de identidade
Misato teme acabar com um homem parecido com o próprio pai.
Ritsuko teme cometer os mesmos erros da mãe, enquanto os comete.
Gendo teme perder o controle
Karl Lorenz idem.

Em Flex Mentallo

Wally teme a morte.
Flex teme fazer parte de um mundo que não tem mais lugar para um herói com os valores dele.
O Tenente Harry teme pela vida da mulher dele, morrendo de câncer no cérebro

E o Man in the moon.......bem, falemos dele quando a hora chegar......

Mesmo a montanha de otimismo que é o Flex, periga desabar. As pistas levam o herói em direção a um transportador que pode leva-lo até o QG da Legião das Legiões, mas pra chegar nele, o protagonista vai ter que passar por um túnel que foi tomado por uma leva de heróis que o tornaram um.......clube adulto. 






"Para super heróis adultos" apenas. 

Lá, os superhumanos se perdem em uma orgia sem fim, cheia de figuras gigantescas, com formas animais, com corpo metálico ou vegetal, de forma mais dura que adamantium ou fluida como o ar. 
Como diria Martin Scorcese, "todo homem tem que descer até o inferno para chegar ao paraíso" (Milton, na verdade, mas eu vi isso em "The Goodfellas" então whatever)
Enquanto isso, temendo pelo destino do herói, Tenente Harry vai até a cadeia atrás de um super-vilão conhecido como o "Hoax", capaz de criar ilusões extremamente realistas. 



"Fumaça e espelhos"

Agora aliados, os dois precisam encontrar Flex antes que seja tarde demais. 

Ok, pode soar meio moralista da minha parte associar sexo ao inferno mas precisamos entender duas coisas: 
1) Sexo aqui É descrito de uma forma pouco lisonjeira. como aliás ele é frequentemente descrito nos quadrinhos quando tentam aborda-lo. 
2) Super heróis são SIM pra crianças e adolescentes. O espectro aqui é outro: temos um leitor médio de seus 12 anos, tendo seu primeiro contato com uma HQ. Então ele começa a crescer e aquele universo de fantasia não. Mas ele QUER historias mais sofisticadas. Ele quer sexo, e horror, e drogas e todas essas coisas associadas ao universo "adulto" (todas as aspas aqui). Ele quer que um gibi do Batman ou do Superman tenha o peso dramático de um seriado como "The Wire". Ele começa a esperar que ESTAS histórias sirvam pra satisfazer as suas fantasias adultas (frase saída da própria serie, alias). Quando Wally grita que "Fredric Wertham was fucking right", citando o psiquiatra que lançou um livro em que desconstruía os quadrinhos em geral, mas principalmente os de super heróis, como meras fantasias fetichistas de poder, ele está dizendo que sim, gibis de super heróis são coisas feita por perturbados 



e para perturbados. 




E em EVA?

Bom, pro caso desse texto não estar complicado o suficiente, que tal torna-lo ainda mais tenso? WHO´S WITH ME??

Ok....temos todo um conjunto de personagens vítimas do seu medo (e sim, eu sei que eu soei aqui como o guia auto ajuda picareta encarnado pelo Patrick Swayze em "Donnie Darko". Puta filme legal, né? Que aliás, também fala sobre ciclos e convergência de universos. Não citei a toa ^^) que, por sua vez, remetem a uma SOCIEDADE vitima do seu medo. 
Lembram lá em cima onde eu disse que ambas as séries usavam a desconstrução para criticar a desconstrução? Bom, vamos ter que mais uma vez, saltar uma dimensão e nos focarmos numa leitura alternativa para Evangelion. Vejam bem, ela de forma alguma invalida as leituras abraçadas até  o momento aqui no blog, pelo contrário, ela anda em paralelo e vai convergir com as demais de forma muito coesa ao final, mas chegamos lá quando chegarmos lá.

Uma das primeiras pessoas a fazerem essa leitura que vou abordar agora, em língua portuguesa, foi o Alexandre Lancaster do (finado?) blog Maximum Cosmo. Nâo dá pra linkar o texto original, então, vou linkar pra um guri que salvou o texto e publicou no blog dele, vão lá ler que o texto é muito bom...


podem ir, que eu espero....


........................



Voltaram? Ok. Pro pessoal mais preguiçoso, segue um resumo: Evangelion é sobre a letargia da sociedade japonesa e sobre como os homens japoneses se tornaram um punhado de babacas reativos esperando por um empurrão, tal qual o Shinji.

Gendo nada mais é do que uma versão hikikomori do próprio Shinji, encerrado em si mesmo, tentando transformar seu mundinho de fantasia na realidade. Para isso ele usa suas bonequinhas sem vida (as clones da Rei, por sua vez clone da Yue, sua mulher morta, portanto, Rei seria, pelo menos numa visão inicial, o simulacro de uma pessoa de verdade) para passar o tempo. Mais do que isso, Gendo é um eterno lembrete pro Shinji do que ele pode se tornar se decidir continuar no seu caminho de alienação social.
BOOM, done!!!




E quem vai negar? Lembram que eu disse lá em cima que os criadores, da era de prata, meio que profetizaram o que viria por meio da sua arte psicodélica? Da mesma forma, Anno fez aqui, mas não exatamente um trabalho de profetizar, já que o que ele fez foi avistar os primeiros sinais de fumaça e gritar FOGO antes que fosse tarde demais. Podemos questionar, num mundo em que 75% das séries de animação japonesa novas são produto pro nicho fã de moe e fanservice, se ele conseguiu conscientizar alguém de algo, mas.....(diabos, vocês já viram aquele anime das menininhas moe que pilotam tanques de guerra? Vejam aquilo e me digam que não é um sintoma de uma industria profundamente doente)

Da mesma forma como ocorreu com os norte-americanos, a industria japonesa de entretenimento se voltou em direção ao nicho de meninos passivos e alienados da sociedade e decidiu dar a eles o que queriam. Por isso um sem fim de animes do tipo harém, cheio de meninas de personalidade forte mas doces como mel, lá no fundo, que vão encher o cretino do protagonista de porrada antes de se revelarem apenas como pessoas machucadas e amorosas, no fundo..

Argh.....acho que desenvolvi diabetes escrevendo isso....


Enfim...


Mostrando que a historia é cíclica, no Japão ocorreu o mesmo que nos EUA, com o tal gueto dos otakus, tal qual como com o gueto dos fanboys. A própria natureza da industria de mangás e animes do Japão permite uma maior flexibilidade que a dos comic books, mas mesmo tal flexibilidade tem limites. Temos, portanto, duas industrias de entretenimento gigantes mas, salvos alguns respiros, profundamente estagnadas. 


E no caso do Japão ainda é mais complicado, pq isso, como já afirmei antes, ganha ares de problema social. 


Bom, em resumo, o futuro é sombrio. Shinji passa pelo inferno pessoal depois do ataque do anjo Bardiel. Na série, um coadjuvante recorrente é Toji, a coisa mais próxima de um melhor amigo homem que o piloto do Eva-01 vai ter. Mas como descobrimos com o decorrer da história, Toji é selecionado para ser o piloto do EVA unidade 03. E exatamente no dia dos primeiros testes, com o rapaz já pilotando a unidade, um anjo ataca e consegue tomar controle do mecha. Cabe aos nossos heróis detê-lo, seja como for. Shinji se nega, mas Gendo consegue acesso remoto aos controles da unidade e o que se segue é um massacre, em que Toji tem sorte de escapar vivo, mas perde um braço e (acho) uma perna.

Qualquer magia na missão de Shinji desaparece.... Todos os demais personagens também vão encarar seus demônios nesse momento: a taxa de sincronia de Asuka ao pilotar o Eva-02 cai a zero, ela é mentalmente estuprada por um anjo e termina em estado vegetativo depois de uma mal sucedida tentativa de suicídio.



Rei é fisicamente invadida por um anjo tentando entender a biologia humana, morta e renascida com fragmentos da sua memória (e numa sequencia que TAMBÉM envolve penetração forçada, e dessa vez física)




Misato descobre que Kaji era um agente infiltrado na SEELE sob o comando de Gendo Ikari, pouco antes do mesmo Kaji ser morto (muito se especula se ela teria matado o rapaz. Eu pessoalmente acredito que não).




Ritsuko continua na sua relação nociva com Gendo  e vê seu gato, sua unica fonte de algum afeto, adoecer e morrer. Mesmo o sinistro líder da Nerv passa por dificuldades, com suas atividades sob pesada vigilância do conselho da SEELE. 




Apelando pro eufemismo do século, dá pra afirmar que ninguém ali está tendo o melhor momento de sua vida. 


O ultimo alivio que algum deles vai receber na verdade vai se revelar o golpe mais cruel de toda essa jornada: Substituindo Asuka e Toji, surge a quinta criança, Kaworu Nagisa




O jovem rapidamente se aproxima de Shinji conseguindo vencer as barreiras do jovem piloto e os dois se tornam amigos e, acho que não é absurdo nenhum dizer que eles se tornam MAIS que isso, só não tendo tempo para fisicamente expressarem o mútuo interesse por causa dos eventos que se seguem. Mas Kaworu ama Shinji e este o ama de volta e aqui reside o ultimo elemento que antecede a total destruição do filho de Gendo: descobrimos (sem muita dificuldade, sejamos francos) que Kaworu é o penúltimo anjo, Tabris. O jovem toma controle do EVA-02 e segue ao núcleo do Geofront para iniciar o processo de despertar de Adão, destruindo a humanidade no processo. No entanto, o garoto não contava com dois detalhes: 
1) que o gigante crucificado no centro da fortaleza da NERV não é Adão, mas Lilith (explico daqui a pouco) e 2) ele é incapaz de dar prosseguimento ao plano de destruir a humanidade por causa de seus sentimentos para com o protagonista. Decidido, o anjo baixa a guarda e se entrega a morte, nas mãos do Eva-01. 




E pronto. 


Nesse momento, estão absolutamente todos nesse anime completamente desfigurados, mentalmente falando. Tabula rasa. 


Alguém precisa salvar esses personagens. O apocalipse nunca esteve tão iminente, e é hora de algo ser feito. 

Da mesma forma, em Flex Mentallo, Flex se encontra completamente perdido, incapaz de resistir aos avanços dos personagens na orgia dentro do clube de "heróis adultos". Tenente Harry perdeu sua mulher e se vê completamente deslocado, aliado ao Hoax, tendo que lidar com super seres e questões da escala do apocalipse. Por fim, Wally está a beira da morte e sentindo os efeitos da barreira entre os mundos caindo. A hora mais sombria de todos os personagens aqui.



"quem pode nos salvar", alguém pergunta no começo da mini-serie de Grant Morrison





"quem mais?" responde Flex.





Em virtude do tamanho deste texto, vou deixar pra falar da quarta e ultima edição de Flex Mentallo, além do final de Neon Genesis Evangelion, na parte 03 deste post, que vai ao ar ainda essa semana. Até lá, guys!!!!

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